Playboy: de ladrão de casas na Zona Sul do Rio a chefão do tráfico na Zona Norte

Celso Pinheiro Pimenta, Palyboy, aparece em vídeo jogando futebol.
Celso Pinheiro Pimenta, Palyboy, aparece em vídeo jogando futebol. Foto: Reprodução de vídeo

“Midiático e sanguinário”. A descrição, usada por agentes da 39ª DP (Pavuna), parece adequada para Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, chefe do tráfico do Complexo da Pedreira, em Costa Barros. Um perfil no Facebook em que exibia carrões e armas, um vídeo de uma pelada na favela postado no YouTube e gravações de áudio endereçadas aos rivais pelo WhatsApp — combinadas a roubos de carga e assassinatos violentos de policiais e inimigos — fizeram do bandido o mais procurado do estado do Rio, com recompensa de R$ 20 mil por informações sobre seu paradeiro.
Aos 32 anos, Playboy tem cinco mandados de prisão nas costas, por roubo, tráfico e homicídio. Entretanto, segundo a polícia, os crimes mais bárbaros cometidos a mando do traficante nunca foram registrados. A região da favela chamada de Mangueira, no alto da Pedreira, é conhecida por PMs do 41º BPM (Irajá) como o local onde Playboy manda esquartejar e queimar os corpos de suas vítimas.
Outros assassinatos são verdadeiras demonstrações de poder. Em abril de 2012, o cabo da PM Francisco Alcântara de Magalhães Filho, de 41 anos, morador da Pedreira, foi morto com 20 tiros de fuzil à queima roupa durante uma festa do feriado de São Jorge na favela. Dois bandidos saíram de um carro, cometeram o crime e ainda levaram a arma do policial, que estava de folga. Playboy foi denunciado pelo Ministério Público como mandante da ação.
Mas o chefe da Pedreira não entrou no mundo do crime como traficante. Há uma década, o bandido, nascido na Zona Sul, fazia parte da quadrilha de assaltantes de Pedro Machado Lomba Neto, o Pedro Dom — conhecida por invadir casas de luxo. Segundo a polícia, seu pai trabalha até hoje numa banca de jornal da região. Após a morte de Pedro Dom, em 2005, Playboy entrou para o tráfico pelas mãos de um atual inimigo: Fernando de Freitas, o Fernandinho Guarabu, chefe do tráfico do Morro do Dendê, na Ilha do Governador.

Pedro Machado Lomba Neto, o Pedro Dom
Pedro Machado Lomba Neto, o Pedro Dom Foto: Jorge William
Playboy não ficou muito tempo no Dendê. Após dois anos, deu um golpe na facção, furtou 30 fuzis e foi para a Maré, onde foi recebido pela quadrilha liderada por Edmílson Ferreira dos Santos, o Sassá. Apesar de ver sua nova facção perder a guerra pelo controle da Vila do João e da Vila do Pinheiro, ganhou a confiança dos líderes do grupo e, em 2010, chegou ao Complexo da Pedreira, onde atualmente comanda um exército de 300 fuzis.

O Disque-Denúncia aumentou a recompensa para R$ 10 mil sobre informações que levem a prisão de Fernandinho Guarabu
O Disque-Denúncia aumentou a recompensa para R$ 10 mil sobre informações que levem a prisão de Fernandinho Guarabu Foto: Divulgação
Um inquérito aberto pela 39ª DP (Pavuna) já identificou o atual plano de expansão do traficante: ele tomaria o controle das favelas Proença Rosa, Mundial, Jorge Turco e Faz Quem Quer, em Honório Gurgel e Rocha Miranda, dominadas por uma facção rival. Seus comandados já entraram nas comunidades de Honório Gurgel — onde posaram para uma foto dentro da piscina da vila olímpica do bairro.

Bandidos do Complexo da Pedreira ostentam fuzis dentro de piscina na Vila Olímpica de Honório Gurgel
Bandidos do Complexo da Pedreira ostentam fuzis dentro de piscina na Vila Olímpica de Honório Gurgel Foto: Reprodução
Na Pedreira, Playboy tem status de estrela. Organiza bailes funk e até dá “canjas” como MC em algumas festas. No ano passado, deu um baile no dia de Natal na favela. Numa gravação disponível no YouTube, ele saúda a quadra lotada: “Feliz Natal, Pedreira!”. Em seguida, levanta um fuzil em cima do palco: “Esse G3 aqui, o apelido dele é ‘Bem vindo a Costa Barros’, certo? É só rajada”, afirma

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